Produtos Manufaturados e Estoques em Época de COVID-19
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Desde 2020 estamos vivendo uma situação diferente da tradicional na maioria das indústrias, e na qual a maioria dos processos industriais tem que fazer um esforço gigantesco para não ser afetado, ou para que os impactos da pandemia de COVID-19 sejam os menores possíveis em suas operações. O fornecimento de matéria-prima já não é o mesmo por diversas restrições, desde a priorização de recursos para áreas da saúde, falta de insumos primários por barreiras comerciais de países, condições cambiais não favoráveis, entre outros.
Usinas Siderúrgicas nacionais, por exemplo, têm sua produção absorvida imediatamente pelo mercado, tendo seus estoques praticamente zerados após a produção, visto que a condição cambial atual faz com que empresas que utilizam o aço deixem de importar momentaneamente, e acabem comprando esses materiais das siderúrgicas nacionais para garantir que tenham material para manufaturar seus produtos, ainda que – muitas vezes – o material não tenha exatamente a mesma especificação do artigo importado, as empresas acabam adquirindo com a ideia de que, se não fizerem isso, poderão não ter material algum para processar, ou mesmo, que a concorrência possa comprá-lo impondo mais dificuldades às mesmas. Como este contexto é novo para as siderúrgicas nacionais, elas estão precisando se ajustar para o aumento de demanda e atendimento de uma parcela adicional considerável de solicitações dos clientes, que antes importavam as matérias-primas.
SEGUINDO O LEAN MANUFACTURING
Esse assunto gera uma discussão muito ampla e afeta os princípios do Lean Manufacturing, que afirma ser o estoque um dos desperdícios do fluxo produtivo, pois este esconde muitos problemas, não proporcionando ações de melhorias. Por isso, em tempos atuais, a compra de matérias-primas sem uma avaliação precisa – e sem validação – poderá fazer com que os estoques de materiais de tantas indústrias acabem por não serem utilizados. Também, que tais matérias-primas não sejam manufaturadas e, consequentemente, não se tenha lucro a partir da venda de produto.
Obviamente, matérias-primas que não foram utilizadas se tornarão imobilizados. Até poderão sofrer alguma ação como “venda para queima de estoque”. Porém, em determinadas situações, esses materiais poderão ter suas propriedades comprometidas se não forem armazenados de forma adequada, por exemplo, no caso de materiais sujeitos à corrosão que precisam ser armazenados em sala climatizada.
CONCLUSÃO
Portanto, mesmo com a escassez de material, deve-se fundamentalmente envolver a engenharia na tomada de decisão para compra de material alternativo, ou, se a empresa não possui este setor, é necessário ter profissional competente que deve aprovar o material mediante validação técnica. Não obstante, nasce outro ponto de reflexão, que é o da antecipação, ou seja, uma oportunidade para as empresas refletirem a respeito de seus processos, oportunidade para terem também cadastrados em seus sistemas e estruturas de produto, materiais alternativos que não afetem a função de seus produtos.
“O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas.”
Peter Drucker
Também, que seja considerada no risco dos projetos, a utilização de material alternativo em caso de situação emergencial. Não que seja usual, aliás, a situação emergencial talvez nunca aconteça, porém, se for necessário lidar com tal condição, isso não afetará de forma substancial a entrega de pedidos, e ainda não precisará de testes e homologações de como manufaturar na nova condição, pois estas atividades ocorreram previamente e, quando necessário, o processo produtivo já saberá qual fluxo de processos seguir e com todos os impactos já calculados.