6 Estágios de Maturidade na Jornada da Indústria 4.0
CONAENGE » Indústria 4.0 »Dizem que uma jornada começa com o primeiro passo, e isso é verdade se considerarmos a AÇÃO executada na jornada. Porém, se considerarmos a fase de PLANEJAMENTO – prévia a jornada – precisamos saber duas coisas essencialmente antes do primeiro passo. Primeira) Onde estamos. Segunda) Onde queremos chegar. São os conhecidos pontos A e B do coaching.
Geralmente nosso foco está no destino (Ponto B) desejado, por conta disso falamos de objetivos e metas, e isto é ótimo, mas não suficiente para o sucesso. Veja, se o seu destino final é São Paulo/SP, faz muita diferença se você sai de carro de Porto Alegre/RS ou de Curitiba/PR, concorda? Devido a isso, conhecermos o Ponto A (origem) é tão importante quanto definirmos o Ponto B (destino), para que tenhamos sucesso em nossa viajem de A para B.
Para a Jornada da Indústria 4.0 (I4.0) vale um raciocínio semelhante, em outras palavras, você precisa saber em que estágio está atualmente para traçar o plano que o levará ao destino desejado para a organização.
Uma abordagem adequada para identificar em que estágio de maturidade sua empresa encontra-se – em relação a Indústria 4.0 – é a criada pela ACATECH.
O Modelo ACATECH de Maturidade
A ACATECH (Academia Alemã de Ciência e Engenharia) tem autoridade quando se fala em Indústria 4.0, pois o termo “Indústria 4.0” foi cunhado em 2011 na Alemanha e a própria ACATECH já completou 20 anos de existência dia 15/02/2022. Há muita tradição tecnológica na Instituição e no País, portanto.
Um aspecto que fica evidente no Modelo de 6 Estágios de Maturidade da ACATECH é que não há atalhos, ou seja, se uma empresa quer chegar no nível máximo atual de possibilidades com a Indústria 4.0 – que é o nível 6 – esta organização precisa cumprir efetivamente os 5 estágios anteriores. Assim, se uma empresa quer usar ML (Machine Learning | Aprendizado de Máquina) e outros recursos avançados de AI (Artificial Intelligence | Inteligência Artificial), deve ter cumprido com sucesso os requisitos dos 5 níveis anteriores. Lembre: – Não há atalhos!
E para que serve dominar esse conhecimento dos 6 Estágios?
O benefício prático é aumentar a probabilidade de chegar ao ponto “B” desejado, na Jornada da Indústria 4.0, sabendo-se exatamente de que ponto “A” estamos partindo.
Isso significa consciência de quanto nossa empresa já alcançou na I4.0 e – somente então – traçar os planos para chegar ao estágio desejado que, não necessariamente, precisa ser o estágio mais avançado 6.
Descrição dos 6 Estágios de Maturidade
Estágio 1) Informatização
Significa a existência de computadores na fábrica em operações isoladas do restante da empresa. Ex.: CNC com entrada de programa manual com cartão de memória; inspeção de qualidade local, etc.
Com somente esse estágio atingido, existem silos de aplicação de tecnologia que não contribuem para a consolidação de dados da organização como um todo. São úteis e agregam valor, mas representam apenas o primeiro passo de uma longa jornada de transformação digital.
Estágio 2) Conectividade
Computadores isolados permitem “ótimos locais”, mas não “ótimos globais”. Nesse sentido garantir a conectividade desses computadores em rede é de grande valor.
O Protocolo de Internet (IP) está se tornando cada vez mais amplamente utilizado, mesmo no chão de fábrica. Já garantia bons resultados com o IPv4 e, atualmente, com o IPv6 há endereços suficientes para viabilizar a IoT (Internet das Coisas) e seu número assombroso de dispositivos conectados em rede.
Como o Protocolo de Internet permite a comunicação padronizada no chão de fábrica, as novas tecnologias de sensores permitem que mesmo máquinas antigas – com décadas de existência – possam ser facilmente conectadas (próximo estágio) a fim de fornecer dados de produção.
Estágio 3) Visibilidade
A queda vertiginosa dos preços dos sensores, microchips e tecnologia de rede significa que os eventos e estados podem hoje em dia ser registrados em tempo real em toda a empresa.
Com tantos dados coletados é possível obter um gêmeo digital – ou sombra digital – da empresa. A sombra digital pode ajudar a mostrar o que está acontecendo na organização a qualquer momento, para que as decisões de gerenciamento possam ser baseadas em dados reais. É, portanto, uma peça fundamental para as etapas posteriores.
A produção de uma sombra digital é um grande desafio para muitas empresas. Um problema corriqueiro é que normalmente não há uma fonte única de dados – os dados são frequentemente mantidos em silos descentralizados e, para funções como produção, logística e serviços, muitas vezes ainda se recolhe pouquíssimos dados, mesmo em processos centralizados.
Com a captura de dados em tempo real é possível montar ANDONs com os KPIs (Key Performance Indicators | Indicadores-Chave de Performance) para toda a empresa.
Ao invés de apenas coletar dados para permitir uma análise específica ou suportar uma operação dedicada, eles devem ser capazes de criar um modelo atualizado de toda a empresa em todos os momentos que não estejam ligados apenas a análises de dados individuais.
A combinação de fontes de dados existentes com sensores no chão de fábrica pode proporcionar benefícios significativos. A integração dos sistemas PLM, ERP e MES fornece um quadro abrangente que cria visibilidade a respeito do status quo. Além disso, as abordagens e aplicações modulares podem ajudar a construir uma única fonte de dados.
Estágio 4) Transparência
No estágio anterior é possível saber “o que está acontecendo” e no quarto estágio entende-se “porque” esses determinados eventos estão ocorrendo na empresa.
Descobrir as causas raiz dos problemas é fundamental nessa etapa.
Entre outras coisas, a transparência é, portanto, uma exigência para a manutenção preditiva.
Estágio 5) Capacidade Preditiva
A capacidade preditiva é fruto da possibilidade de simular diferentes cenários futuros e identificar os mais prováveis.
A redução do número de eventos inesperados causados, por exemplo, por interrupções ou desvios de planejamento, permite uma operação mais robusta do negócio.
A capacidade preditiva de uma empresa depende muito do trabalho de base que ela já realizou anteriormente.
Estágio 6) Adaptabilidade
A adaptação contínua permite que uma empresa delegue certas decisões aos sistemas autônomos de TI para que possa se ajustar – o mais rapidamente possível – a um ambiente de negócios em constante mudança.
Muitas vezes é melhor automatizar 100% apenas processos individuais, ou seja, deixar que os computadores/algoritmos apontem a solução ótima somente para processos específicos na empresa. Infelizmente, a ideia passada através dos filmes de ficção científica, onde um computador toma “todas as decisões”, ainda não é algo factível no atual nível tecnológico.
O objetivo da adaptabilidade é alcançado quando uma empresa é capaz de usar os dados da sombra digital para tomar decisões, e que tenham os melhores resultados possíveis no menor tempo. Adicionalmente, a implementação dessas medidas devem ser automáticas, ou seja, sem assistência humana.
Comentários Finais dos 6 Estágios de Maturidade
A abordagem da ACATECH remete a conscientização do que você já alcançou na organização, do ponto de vista da Indústria 4.0.
Através da análise de sua empresa – sob o enfoque dos 6 Estágios de Maturidade – fica evidente o que já foi construído até o momento em relação a I4.0.
Espero que você faça bom proveito dessas informações e, caso queira nosso auxílio, clique nesse link.
“Líderes não forçam pessoas a os seguir – eles as convidam para uma jornada.” Charles Lauer
Obrigado!
FONTE (em PDF): Industrie 4.0 Maturity Index.